O corpo arquetípico

Qual a idade do seu corpo? Seria simplesmente o tempo de seu nascimento até agora? Pensando numa escala maior, percebemos que a história do corpo humano que somos e habitamos é muito mais antiga. O Homo Sapiens como espécie existe há cerca de trezentos mil anos, com uma ancestralidade anterior que percorre os milênios. Sempre que paro pra pensar me assombro com o fenômeno que é essa nossa morada, que engenharia incrível da natureza e das eras que chamamos de “corpo”, algo que na atribulada vida do século 21 facilmente menosprezamos. ⠀
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Carrego como influência do pensamento de Jung a ideia que a base arquetípica de nosso desenvolvimento psíquico e espiritual reside em nossas próprias células; o nosso próprio DNA carrega um sólido universo arquetípico que formam as estruturas básicas do nosso universo psíquico em suas potencialidades. Essa ideia me parece próxima da teoria do amadurecimento do psicanalista inglês Winnicott, que traz a ideia do impulso natural ao amadurecimento que existe em todos nós, onde as falhas ambientais em nosso trajeto humano podem podar esse processo. ⠀
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Esse também é o universo que o psíquico e o somático se misturam. No mesmo legado biológico está o funcionamento bioenergético do corpo e sua capacidade de autorregulação. Expansão, carga, descarga e relaxamento de nossa energia vital são análogas aos ciclos da natureza ao nosso redor, e uma expressão da inteligência milenar do corpo. Essa adaptação inteligente das eras diante de um ambiente natural em mutação formam a base não só para a nossa saúde e desenvolvimento emocional e somático, mas também para o potencial de cura emocional profunda que habita em todos nós.⠀
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Explico: as dores e marcas de nossa história nos distanciam de nossa jornada arquetípica e de nosso processo de amadurecimento sadio. Num mesmo gesto, os traumas e dores atuam como bloqueios e cortes em nosso fluxo energético. Porém, o potencial continua lá, nunca some por completo: de se reconectar com nossas bases arquetípicas, de retomar nossa linha de amadurecimento, de resgatar a vitalidade de nosso corpo. Em suma, de se reconectar com a natureza que há em nós. ⠀
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É como Lowen dizia: confie no corpo.

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